Linha ISE: Como o subcrédito social pode apoiar negócios de impacto
- 26 de abril de 17
Por Luiza Coimbra
A Força Tarefa Brasileira de Finanças Sociais – FTFS alinhou 15 recomendações para o avanço das Finanças Sociais no Brasil. Uma das alavancas consiste na ampliação de oferta de capital, trazendo mais recursos para o campo das Finanças Sociais e Negócios de Impacto, chegando a R$50 bilhões/ano até 2020. Uma dessas recomendações consiste no uso do subcrédito social do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES para negócios de impacto.
A FTFS recomenda ao BNDES que torne explícito o termo “Negócios de Impacto Socioambiental” dentro da lista de usos válidos para recursos advindos do Subcrédito Social (Linha ISE) vinculados aos empréstimos econômicos do banco. Demais Bancos e agências de desenvolvimento com mecanismos similares deveriam também seguir esta recomendação.
Confira a seguir o artigo de Guilherme Teixeira* e Leonardo Letelier** sobre a Linha de Investimento Social de Empresas:
A Linha de Investimento Social de Empresas (Linha ISE), pela qual o BNDES concede subcrédito social a empresas, têm motivações e resultados pretendidos que se aproximam muito da missão e dos objetivos de Negócios de Impacto.
Um número crescente de empresas têm considerado, para além dos projetos tradicionais de construir edificações como postos de saúde e escolas nos municípios onde operam, a opção de apoiar Negócios de Impacto por meio de recursos da linha ISE. Algumas submeteram essas propostas à análise do BNDES e seguiram com a implementação, com resultados iniciais positivos.
Tais casos refletem o potencial de escala que os Negócios de Impacto têm de oferecer produtos e serviços que melhoram a qualidade de vida de comunidades, a um custo muito baixo por pessoa, e os tornam um ator relevante na concretização de objetivos do subcrédito social, uma vez que:
- – representam uma alternativa adicional de impacto social para as empresas. são fornecedores de soluções que têm compromissos efetivos e mensuráveis com a transformação social. tendem a contemplar, em sua estratégia, a articulação com políticas públicas, aspecto essencial para o sucesso de projetos sociais nos termos da Linha ISE.
- – oferecem soluções que não exigem da administração pública empenho orçamentário relevante após implementados, ao contrário de obras de infraestrutura de serviços públicos, tipicamente financiados na Linha ISE.
- – têm a continuidade de projetos e a escalabilidade dos produtos/serviços como um vetor natural para sua sustentabilidade financeira.
No entanto, existem desafios ao sucesso dessa proposta: de um lado, o BNDES espera que esses recursos fortaleçam a responsabilidade social das empresas e gerem impacto social efetivo para as comunidades, e busca formas de garantir isso com a análise que faz antes de aprovar os projetos.
Do outro lado, há grandes empresas que compartilham dessas mesmas expectativas, mas sentem dificuldade em demonstrar ao banco o impacto de seus projetos com Negócios de Impacto, já que fogem às propostas tradicionalmente apresentadas.
É necessário que o potencial dessas soluções e os desafios estejam claros para o BNDES, as empresas e Negócios de Impacto apoiados. Estas dificuldades são superadas quando a percepção de risco para os três atores diminui. Recentes evoluções internas de governança e instrumentos (como a divulgação de um roteiro para projetos da Linha ISE) do BNDES podem permitir uma análise mais apurada dos projetos.
Acreditamos que o apoio a Negócios de Impacto pode contribuir com a missão do BNDES no desenvolvimento sustentável do país e ampliar as possibilidades para engajamento das empresas com investimento social.
* Guilherme Teixeira é consultor de Finanças Sustentáveis da SITAWI Finanças do Bem, autor do estudo “Caminhos da Responsabilidade Socioambiental do BNDES” (2016).
** Leonardo Letelier é fundador e CEO da SITAWI Finanças do Bem
* Este material compõe o Relatório “Avanço das recomendações e reflexões para o fortalecimento das Finanças Sociais e Negócios de Impacto no Brasil” produzido pela Força Tarefa de Finanças Sociais – FTFS, da qual a SITAWI Finanças do Bem compõe, junto ao Instituto de Cidadania Empresarial – ICE, a diretoria executiva.
Confira o estudo “Caminhos da Responsabilidade Socioambiental do BNDES”: